terça-feira, 15 de janeiro de 2013

ENTEDIADO

Preciso ocupar o meu tempo.
Pois o tempo não pára quando estou parado.
E eu já estou entediado.
Preciso ver pessoas, preciso ter contato.
Contato físico que não seja com um teclado.
Quero ouvir vozes que não sejam por um telefone.
Onde palavras são ditas e não digitadas.
Quero ter um diálogo além de mensagens de texto.
Onde símbolos substituem boas risadas.
De um colega, não quero saber seu endereço de e-mail
Quero ir muito além e saber seu endereço de casa.
Como era nos bons tempos.
Que saudade danada.
Amigos se abraçavam fisicamente.
Agora só se mandam abraços virtualmente.
Com isso as pessoas não mais se veem.
Mas acreditam que muitos amigos elas têm.
Viramos escravos da tecnologia.
E alegamos que a culpa é da correria.
Quanto à mim.
Tenho um trabalho que me liberta dos horários.
Liberta-me também, do ônibus lotado.
Mas também me priva de estar cercado.
Não me permite mais ouvir sequer um burburinho.
De mulheres bonitas como colegas de trabalho.
Com quem poderia ter uma conversa depois do horário.
Colegas de trabalho eu já paquerei.
Com colegas de trabalho, futebol eu joguei.
Agora meu círculo de amigos se restringe a amigos de outrora.
Mas que não os encontro computador afora.
Preciso ocupar o meu tempo.
Não com um teclado e manias virtuais.
Mas sim com pessoas e coisas reais.
Preciso voltar a ver olho no olho.
Apertar não o enter, mas a mão.
Abraçar quem tenho consideração.
E numa garota dar um bom beijo demorado.
Ao invés de estar aqui me sentindo entediado.