sexta-feira, 31 de julho de 2020

CARENTE DA MULHER CERTA

Estou. Confesso.
Não que eu reclame da minha solteirice.
Mas em alguns momentos é foda.
Às vezes, gostaria de estar com a mulher certa.
Acompanhado, não é difícil estar.
Se não arruma na rua, arruma na zona.
Satisfaz o desejo e tchau.
Depois é capaz de nem lembrar da tal.
E qual é a mulher certa?
Cara, é a que não sai da cabeça.
A que dá prazer estar ao lado.
A que nos faz querer ser engraçado.
Porque sempre vamos querer arrancar um sorriso.
E será tão lindo.
É rara, assim como também são os caras.
Às vezes estão na cara.
E a gente nem percebe.
Uma pessoa que reúne várias coisas.
Mas que em resumo, nos faz bem.
Sem pressão e que seja leve.
Que me deixe solto, mas eu queira ficar.
Desse tipo de pessoa, me declaro carente.
Carente da mulher certa.

terça-feira, 28 de julho de 2020

O QUE NÃO DEPENDE DE MIM

Aprendi nos meus anos de vida.
A aceitar o insucesso sobre o que não depende de mim.
Seja num negócio não fechado.
Porque as partes não acertaram um preço.
Seja num encontro fracassado.
Porque não rolou tesão.
Ou seja num amor não correspondido.
Porque não se ama sozinho.
Ele desperta em par.
Mas sentimento é foda.
Ora pode despertar só cá, ora só lá.
E sendo assim, não dá.
Tem que ser a pessoa certa.
Já me senti mal dos dois lados da moeda.
Porque a gente não escolhe quem ama.
Às vezes amamos quem nos ignora.
E quem nos ama, deixamos ir embora.
Vida que segue.
Como um negócio não fechado.
Nem tudo que se deseja, se consegue.
Que não se assimile como um fracasso.
Que não se entenda como rejeição.
Aquilo que não depende só de nós.
Nem no que envolva dinheiro.
Tampouco no que envolva coração.

VOLTAR PRA TI

Se eu for sua outra metade.
Faça o que tem vontade.
E se for de verdade.
Venha de encontro à mim.

Quando eu for te ver.
Faça por merecer.
Pra eu nunca mais te esquecer.
E algo bonito comece assim.

Como eu for no meu tratamento.
Quero que sinta o momento.
E se brotar entre nós, sentimento.
Que o tempo pare.
 
Onde eu for, você irá comigo.
Vou adorar estar contigo.
E a saudade não será um castigo.
Quando eu não puder ir.

Quando eu for embora.
Será só porque chegou a hora.
E lá irei, ruas afora.
Mas vou voltar pra ti.

segunda-feira, 27 de julho de 2020

REFLEXÃO SOBRE O RUMO DA MINHA VIDA

Assisti um filme que me fez refletir.
Era sobre duas pessoas de seus 70 anos.
Ambos solitários e vizinhos.
Numa noite, ela bate na porta dele.
Toda sem jeito, mas com coragem.
Ele, todo sem jeito e surpreso.
Afinal, eram vizinhos há anos.
Mas não se falavam e nem se enxergavam.
Toda iniciativa dela foi pra uma proposta.
Não indecente, e sim surpreendente.
Convidá-lo para dormir com ela.
Para preencher o vazio das noites solitárias.
Sem sexo, apenas conversa.
Nem tinham mais pique sexual.
E ele aceitou.
Todas as noites ele ia dormir com ela.
Tão puros como se fossem duas crianças.
Apesar das experiências que já carregavam.
De suas longas vidas já vividas.
Divididas com pessoas que já haviam partido.
Fosse pra morte ou pra sorte.
E que os lançara na vida solitária.
Que a gente se acostuma com ela.
Que a gente passa a achar bela.
Mas que num determinado dia.
Quando alguém bate na nossa porta.
E nos faz uma proposta.
Ou de alguma forma nos mostra.
Que há um lado vazio.
Seja na cama ou no coração.
Mesmo que a gente ache que não.
Que não tenhamos essa sensação.
Em qualquer tempo, será o momento.
Do nosso próprio julgamento.
Seguir sozinho ou acompanhado.
Até que nosso tempo tenha se esgotado.
E não há ninguém do nosso lado.

sábado, 25 de julho de 2020

PENSAMENTOS MEUS

Eu sei que às vezes tenho pensamentos tolos.
Mas são meus.
Não são pensados por outras pessoas.
Eu penso e escrevo.
Gosto dos meus textos, dos meus poemas.
Minha linguagem é descomplicada.
Meu português é o mais correto que posso.
Eu apenas escrevo.
Coloco meus sentimentos nas minhas rimas.
Minhas ideias nas minhas linhas.
Meus pensamentos nas minhas frases.
Minhas memórias e minhas fases.
Aquilo que senti quando me apaixonei.
Eu já escancarei.
Em vários deles eu escrevi sobre o amor.
Que eu já senti um dia, mas agora, não mais.
Não tenho sido capaz.
Então passo minhas sensações.
Sobre pessoas e situações.
Assim sigo escrevendo.
Pensamentos meus.
Só meus.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

SOU O CONDUTOR DO MEU TREM

Já passaram diversas pessoas na minha vida.
Alguns amigos, alguns amores, ou não.
E penso que devem ficar como estão.
Cada um no seu espaço.
E um espaço vago.
Ainda a ser ocupado, de novo.
Por alguém que ainda não conheci.
Ou talvez nem venha a conhecer.
E continuará um espaço vago.
O trem que conduzo, já parou em várias estações.
Desceram pessoas, outras embarcaram.
Algumas seguem viagem comigo.
De quem agora sou apenas amigo.
E assim eu prossigo.
Passando por estações.
Vivendo emoções.
Sem pressa, apreciando a paisagem.
Assim sigo viagem.
Sem descarrilar
Escolhendo onde passar.
Deixando quem eu quero, entrar.
Tenho um vagão inteiro, vazio.
Viagem com exclusividade.
E nesse só se entra com chave.
Mas e a chave, onde está?

terça-feira, 14 de julho de 2020

PASSOU

Eu lhe estendi a mão, mas você não segurou.
Se virou para outro lado.
Então recolhi.
Continuei aqui.
Permaneço.
Minha mão não estendo mais.
Não mais, pra andarmos de mãos dadas.
Passou.

sábado, 11 de julho de 2020

CADÊ OS BEIJA-FLORES

Eu fiz um jardim pra atrair beija-flores.
Mas eles não vieram visitar.
Acho que por aqui, eles não existem.
Nem borboletas.
Também não apareceram.
Eu já ficaria satisfeito.
Se viessem os dois, seria perfeito.
Plantei flores de várias cores
De vários tipos, entre margaridas e azaléias.
Algumas que eu nem sei o nome.
Ficou bem florido.
Gosto do colorido.
Não sei porque não atrai beija-flores.
Tampouco borboletas.
Tem flores de diversas cores.
Uma hora eles se achegam por lá.
E as flores, eles irão beijar.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

NUNCA É UMA DESPEDIDA

Eu chorei por minha mãe duas vezes.
Chorei bastante, de soluçar.
Quando eu olhava pras fotos que tiramos.
E via o nosso riso estampado nelas.
Eu chorei, chorei de soluçar.
Porque minha mãe estava doente.
Muito debilitada.
Da imagem que eu tinha dela.
Já não lembrava mais nada.
Ela sempre foi franzina.
Só que também, sempre foi uma fortaleza.
E eu chorei, chorei de soluçar.
Minha mãe ia se embora.
Eu tinha plena certeza. Eu sentia.
E ela se foi. Tinha chegado sua hora.
Sem se despedir foi se embora.
E agora?
Agora nos fica a lembrança, a saudade.
Do colo pra deitar.
Da casa dela pra visitar.
Do riso cerrado.
De tudo.
Até de vê-la com cigarro, que eu tanto odiava.
Mas Deus quis assim. 
Talvez foi melhor assim.
Não a tenho mais perto de mim.
Mas a tenho dentro, do coração e da mente.
E pra sempre.
Lembrarei dela com alegria.
Jamais com tristeza.
Tristeza eu teria se a visse daquele jeito.
Debilitada e dependente.
Triste por dentro.
E agora não está.
Está curada até do vício que tinha.
Ela está com meu pai e com Deus.
E a perda nunca é um adeus.
É apenas, um até qualquer dia.

domingo, 5 de julho de 2020

CANÇÃO DE NINAR

De Ruth Patricio Meireles

Um dia quando cresceres
Serás um homem de bem
A mamãe te dará conselhos
Pra você não mais esquecer
O papai tão velhinho
Um dia te dirá
Trabalhe e estude meu filho
Que é pra Deus te ajudar
Trabalhe e estude meu filho
Pra Deus te recompensar
E quando tiveres seus filhos
Conselhos terá que lhes dar
Lembrará o que teu pai te disse
E à eles lhes ensinará
Trabalhe e estude meu filho
Que é pra Deus te ajudar
Trabalhe e estude meu filho
Pra Deus te recompensar

DONA RUTH

Uma criança em pele enrugada.
Tinha peso de criança.
Tinha inocência de criança.
Usava tamanho de roupa de criança.
Era uma criança.
Mas tinha a luz pra iluminar cem cidades.
Tinha a força do concreto frente a ventania.
Tinha a sabedoria pra confortar.
Tinha o colo pra deitar.
Teve tempo, muito tempo. 
O viveu como quis.
Se foi como quis.
Não sei se no tempo que quis.
Mas aí, isso ela não comandava.
Nem nós.