sábado, 26 de novembro de 2016

BEIJA-FLOR

Um beija-flor vai de flor em flor.
Introduzindo seu bico no fundo delas.
Um sedutor o beija-flor.
As seduz com seu frenético bater de asas.
E penetra um tanto cada flor pra retirar seu néctar.
Como que as flores lhe permitindo serem beijadas.
Lá vai o beija-flor, de flor em flor.
Sem sequer se apaixonar por uma delas.
Sempre voltando pro ninho.
Onde lá se encontra sua fêmea.
Volta sempre com outros gostos em seu bico.
Gosto de pentas, hibiscos e calibrachoas.
Celósias, caliandras e marianinhas.
Todas que puder beijar.
Um promíscuo o beija-flor.
Quando voa de flor em flor.

ALMA GÊMEA

Minha alma gêmea.
De sorriso nos olhos.
De pele morena.
Mulher travessa.
Meio menina.
Mesmo depois dos quarenta.
Tem que ser amiga.
Parceira fervorosa.
Pronta pra bom sexo.
Amante de uma prosa.
Tem que ser divertida.
Que me leve ao riso e ao gozo.
Ao riso largo.
Pelo sexo gostoso.
Tem que ser virtuosa.
Mas com defeitos também.
Porque perfeito nesse mundo.
Não existe ninguém.
Tem que ser sedutora.
Pra que eu a possa desejar.
O belo corpo moreno.
Onde eu queira brincar.
Tem que ser carinhosa.
Sem ciúme ridículo.
Cada um no seu quadrado.
Nós dois no mesmo círculo.
Tem que ser madura.
Com senso de seriedade.
E o que menos importa.
É com que idade.
Tem que ser compatível.
Na cama, mesa e banho.
Onde for possível, ela vai comigo.
Onde for preciso, eu a acompanho.
Taí a mulher da minha receita.
Nem um pouco perfeita.
Só dentro do que eu procuro.
Pra que eu desça de cima do muro.
Uma hora eu quero, noutra eu não quero.
Uma paixão que eu tanto espero.
Mas quando eu menos esperar.
Minha alma gêmea irá me encontrar.
Ela está por aí vagando sem rumo.
Nós dois com o mesmo prumo.
Esperando, esperando e esperando.

AQUELA MULHER NO BAR

Eu estava sentado num canto.
Quando uma mulher chegou.
Sem pedir licença.
Perto de mim ela se sentou.

Toda bela e perfumada.
Dona de um olhar hipnotizante.
Lábios carnudos sedutores.
Moldurando um sorriso marcante.

Chegou sozinha.
E assim ali ficou.
Muito perto de mim estava.
Mas nem sequer me notou.

Fiquei a observando por um tempo.
Estava ansiosa preocupada com a hora.
De repente nitidamente triste.
Apanhou a bolsa e foi-se embora.

Talvez estivesse esperando por alguém.
Que por algum motivo não apareceu.
Vendo aquela bela mulher no bar.
Desejei que esse alguém fosse eu.

Atravessou o bar a passos largos.
E eu a segui com os olhos até a saída.
Tamanha foi a minha sensação.
De que ela poderia ser a mulher da minha vida.

Por impulso saí atrás dela.
Ela esperava o carro do lado de fora.
Entreguei meu ticket ao manobrista.
E lhe perguntei aonde iríamos agora.

No primeiro momento me senti um idiota.
Tendo perguntando aquilo sem pensar.
Mas a noite ainda estava só começando.
E eu não queria deixá-la acabar.

Ela fingiu que não me ouviu.
Se mostrando surpresa olhou pra mim.
Tentei puxar conversa com ela.
Mas percebi que ela não estava afim.

Talvez por ela ter ficado esperando alguém a toa.
Eu a tenha abordado em um mau momento.
Então a vi entrar no carro e ir embora.
Mas ela continuou no meu pensamento.

Depois daquela noite no bar.
Essa mulher eu nunca mais vi.
Já se passaram alguns anos.
Mas aquela noite eu não esqueci.

Talvez naquela noite não tivesse acontecido nada.
Mas me ficou a sensação de que podia.
Se invés de ter-lhe perguntado algo estúpido.
Eu tivesse sido sutil, como a situação exigia.

Eu aprendi naquela noite.
Que quando algo bom chega sem a gente esperar.
A gente precisa de atitude e ousadia.
Pra não deixar a oportunidade escapar.

Entendi que há momento pra tomar atitude.
E há momento pra sermos ousados.
Cabe a nós a sabedoria.
Pra que os momentos sejam interpretados.

Tudo na vida tem seu momento.
E eu espero um novo pra mim.
Enquanto ele não chega de novo.
Minha espera não tem fim.

Enquanto isso, nós vamos que vamos.
Ainda não nos encontramos.
Mas nós vamos nos cruzar.
E nesse dia, essa espera vai acabar... Oh, se vai!

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

PRETO É COR E NEGRO É RAÇA

Negros... Não pretos.
Preto é uma cor e negro uma raça.
Caucasianos... Não brancos.
Eu não sou branco, e estou mais entre laranja e marrom.
Branco é o meu cachorro e ainda assim com algumas partes douradas.
Nem sei porque dizemos que somos brancos.
Se nem nos cadastros existe essa raça.
Ou é negro, caucasiano, etc.
Eu sou amarronzado pela queima do sol.
Antes eu já fui rosado.
E sol após sol, bronzeadores e afins, eu dourei.
Branco? Eu não sou branco.
Até acho o branco uma cor tão sem graça.
E não digo da cor, mas dessa tão dita raça.
Os ditos amarelos são mais brancos.
E os ditos brancos são amarronzados.
Somos todos misturados.
A única cor que importa é a vermelha do sangue.
Que é igual seja em qual raça for.
Em qual cor tiver.
O sangue de branco pra negros.
E o sangue de negros pra todos.
Não por luta, mas por doação.
Sem a dita discriminação.
A raça negra é linda.
Eles têm particularidades que nós dito brancos não temos.
Uma delas é que os dentes deles são tão brancos.
Outra é que a palma da mão deles é da cor da nossa, dito brancos.
E eles devem ter uma vergonha disso.
São um pouco “brancos”.
O que mais eles têm?
Eles têm negras mais belas que ditas brancas.
Talvez idem para negros, na visão das mulheres.
Eles têm ídolos talentosos como Pelé, Michael Jordan, etc.
Que também são nossos, ditos brancos.
Eles têm tudo o que temos.
Eles podem ser tudo o que nós somos e o que eles sonham.
Nem deviam ligar para o que alguns de nós dizem.
Quando dizem é por receio, por medo.
Porque são inferiores, não os negros, mas os ditos brancos.
Devem ser mais feios, mais burros ou menos humanos.
Eu não vejo diferença entre um negro e eu.
Aliás, eu vejo sim.
Queria ter os dentes tão brancos quanto os deles.
Enfim, no corpo deles tem mais branco do que no meu.

sábado, 19 de novembro de 2016

ERA TUDO DESTINO

Quando eu te vi pela primeira vez.
Sorrindo entre amigos teus.
Eu fiz um pedido a Deus.
Pra eternizar aquele sorriso.
Desejei que você olhasse pra mim.
A noite estava no fim.
E você já estava de partida.
Mas de repente me olhou na saída.
E se foi olhando pra trás.
Achei que não a veria mais.
Só que com o destino a gente se engana.
Quando um olhar acende uma chama.
E algo na gente se inflama.
O olhar pode ser uma faísca.
Por isso a gente de arrisca.
E de você eu fui atrás.
Você já tinha partido.
Minha noite ficou sem sentido.
E só me restou ir embora pra casa.
Passaram dias, semanas e meses.
Voltei ao mesmo lugar algumas vezes.
E não te encontrei mais.
Perdi a fé de te ver novamente.
Mas aí você surgiu na minha frente.
E eu fiquei sem saber o que falar.
Quando eu nem tinha mais esperança.
Aquele sorriso da minha lembrança.
Eu pude rever outra vez.
Mas agora você estava sozinha.
E era a grande chance que eu tinha.
Então eu me apresentei.
Oi, você se lembra de mim daquela noite no bar?
Que com seus amigos foi embora.
Eu te encontrei de novo agora.
E não vai mais me deixar.
Desde aquela noite tenho te procurado.
Eu serei o seu namorado.
E iremos nos apaixonar.
Sem estar surpresa, ela me disse.
Eu sei, eu também te procurei.
Senti a mesma coisa.
E agora que te reencontrei, não vou mais te deixar.
Eu te encontrei pra te amar.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

UM CHAMADO RETUMBANTE

Esta noite eu não dormi e passei em claro.
Sonhei como eu nunca havia sonhado.
Não consegui encontrar meu sono.
E desta vez eu sonhei acordado.

O breu da noite no meu quarto.
Como uma tela onde eu projetava imagens.
Projetei diversas paisagens lindas.
E inúmeros personagens.

Numa paisagem de montanhas altas.
Eu projetei um belo cavalo alado.
Com ele eu voava por sobre elas.
Indo de encontro a um chamado.

Em dado momento desse meu voo.
Naves estelares apareciam.
Surgiam saindo de buracos negros.
Que de repente no céu se abriam.

Com seus canhões de raios tentavam me atingir.
Mas com meu cavalo alado eu conseguia me esquivar.
Depois de tantos desvios ligeiros.
Deste devaneio eu consegui escapar.

O voo voltou a ser tranquilo depois das naves.
E um céu de brigadeiro eu via adiante.
Um bater suave de asas de meu cavalo.
E ao longe um chamado retumbante.

Eu sobrevoava as belas montanhas.
Quando novamente fui atacado.
Mas desta vez por dragões de fogo.
Que cuspiam fogo por todo lado.

Meu cavalo hábil com suas asas.
Se esquivava agilmente das labaredas.
Com os dragões em nosso encalço.
Nos embrenhávamos nas veredas.

Muito maiores do que nós.
E porque não conseguiam no seguir.
Se desintegraram no breu escuro do quarto.
E assim conseguimos fugir.

Um valente o meu cavalo.
Que já havia driblado naves e dragões.
Mas agora voando baixo rente o mar.
Enfrentamos piratas e seus canhões.

Tiros de canhões disparados.
Bolas de ferro disparadas contra nós.
Comparados aos inimigos de antes.
Se esquivar seria fácil pra meu cavalo veloz.

Assim foi sem nenhum esforço.
E o navio pirata também desapareceu no breu.
O chamado continuava constante.
Até que um castelo apareceu.

De lá vinha o chamado.
Da torre mais alta daquele castelo.
Na janela uma bela morena.
Com um sorriso radiante e um corpo belo.

Ainda em voo saltei do meu cavalo.
Como uma flecha lançada eu adentrei pela janela.
O que me fez cruzar o céu e lutar com inimigos.
Foi o retumbante chamado dela.

Na minha frente a mulher mais linda.
Aquele radiante sorriso nos olhos diante de mim.
Queria eu que aquele momento fosse eterno.
E que aquela aventura no breu não tivesse fim.

A tomei em meus braços.
Nossas bocas se uniram em um beijo ardente.
Quando começamos a tocar nossos corpos, um barulho.
E todas as imagens sumiram da minha frente.

Era um barulho alto e estridente.
Vindo do maldito despertador.
O meu sonho acordado acabou.
E nos meus braços perdi o meu amor.

sábado, 12 de novembro de 2016

EU QUERO ABRAÇAR ALGUÉM

Hoje eu não abracei ninguém.
Nem ontem, nem na semana passada, nem no último mês.
Na verdade, nem lembro quando foi a última vez.
Abraço se tornou um gesto de carinho em desuso.
Nem pais e filhos se abraçam mais.
Ao crescerem um pouco, apenas alguns ainda abraçam seus pais.
Quando são pequenos e vulneráveis.
Os abraços são constantes.
Mas quando se acham independentes, não há mais abraços como antes.
Pra algumas pessoas, o abraço é excesso de intimidade.
É ter muito do seu corpo tocando o corpo de alguém.
Então não gostam de ser abraçados e nem abraçam também.
Quando se deparam com alguém que abraça.
Se esquivam deste gesto de carinho.
E se você lhes envolve com um abraço, pratica o ato sozinho.
Ainda se pode ver alguns abraços calorosos.
Alguns acompanhados de beijo na face e outros de beijo de língua.
Contudo, no fim de tudo, existe mais gente na míngua.
Nos relacionamentos acontece também.
Começam com abraços ilimitados.
Basta um pouco de convivência e eles já passam a ser minguados.
Em breve teremos que pagar por um abraço.
Como alguns compram sexo quando não têm parceira, mas têm vontade.
E isso se deve a carência de algo e a necessidade.
Algumas pessoas precisam de um abraço.
Mesmo que seja de uma pessoa desconhecida.
No limite de um desespero, pode ser um gesto que vá salvar uma vida.
Tem gente que gosta de doar abraços.
Como uma doação de sangue, é um gesto de bondade também.
Que quem está bem cercado não necessita, mas quem está carente não tem.
Abraços saciam várias necessidades.
Desde carência de companhia e até mesmo de afeto.
Mas diferente do digitado, precisa ser de alguém que está por perto.
Descubra alguém carente e o abrace.
Vai descobrir que o abraço fará tão bem pra você quanto pra quem recebe.
O bem estar é imediato, e no meio do ato você já percebe.
Abraço é um gesto voluntário.
Que pode ser bom a qualquer hora.
Desde o abraço da chegada quanto o da hora de ir embora.
Eu quero poder abraçar alguém urgentemente.
Eu quero encontrar uma mulher com esse mesmo desejo.
Que venha a ser um abraço enamorado, e espero que ele me leve a um beijo.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

QUAL O VALOR QUE TEMOS?

Algumas pessoas têm valor.
Outras apenas têm preço.
Qual a diferença entre elas?
Posso falar de valor, que é o que eu conheço.

Quanto a preço eu não sei nada.
Nem tenho ideia por quanto as pessoas se vendem.
Mas sei que quem tem preço até se vende por trocados.
Enquanto as de valor por nada se rendem.

Não se rendem ao luxo e nem a mordomias.
Mesmo que elas estejam sob necessidade.
O caráter é o seu bem mais valioso.
E seu maior alicerce é sua integridade.

Quem tem valor não sabe comprar.
Quem tem preço conhece uma boa oferta.
Tem faro pra pessoas iguais a ela.
E se aproveita de uma porta aberta.

Quem tem preço não sabe julgar.
Nem diferenciar uma pessoa má de uma boa.
O que ela sabe é apenas barganhar.
Qual é o preço de uma pessoa.

Eu prefiro lidar com valores.
Não financeiro, mas de moral.
Nas pessoas eu não avalio preço.
E pra mim é o caráter o essencial.

Eu me ofereço pra pessoas com meu valor.
Não me oferto com um preço.
Contudo, o que às vezes me magoa um pouco.
É me darem menos valor do que eu mereço.

Isso faz parte da nossa vida.
Quando a gente lida com expectativas.
Por mais coisas boas que a gente faça.
Seremos lembrados pelas negativas.

Assim como quem tem coragem de fazer o bem.
Tem que saber lidar com a ingratidão.
A gente vai de anjo a demônio.
Quando magoamos um coração.

Toda a rosa que demos.
Pelo espinho será lembrada.
Toda atenção que dispensamos.
Não terá valido nada.

Que valor tem os ex-parceiros de relacionamento?
Se eles deixaram de ser o último e vieram outros depois.
Eles têm o valor dos grandes momentos vividos.
Durante o tempo em que um virou dois.

Que valor tem um amigo pra algumas pessoas?
Se ele só pode oferecer um ombro pra chorar.
Não pode oferecer nenhuma ajuda financeira.
Mas sempre está ao lado pra te levantar.

Que valor tem os pais para os filhos?
Quando eles chegam na adolescência e se acham sabidos.
Eles passam a ser senhores de si.
E alguns pais passam a ser esquecidos.

O valor é algo que creditamos em cada pessoa.
Pra cada momento da vida que com ela passamos.
O preço é algo estipulado que quem quer comprar, paga.
Preço é pra gente ordinária e valor é pra quem amamos.

Que saibamos entender o que é preço e o que é valor.
Até mesmo para as nossas coisas materiais.
Às vezes um celular perdido que se pagou um preço alto.
Contém recordações que valem muito mais.

Preço ou valor?
Fixado num deles é que a gente se mantém.
Eu sou conhecedor do valor que eu tenho.
E você? Qual dos dois você tem?