domingo, 16 de outubro de 2022

PÁGINAS ARRANCADAS

Se minha história estivesse num livro.
A fase sobre meus 20 a 23 anos, estaria com as páginas arrancadas.
Deixaria apenas uma menção ao nascimento do meu filho.
Do resto, não quero lembrança de nada.
Do escrito nas outras páginas, nada do que me arrepender.
Mesmo quando tentando acertar, eu errei.
Meus erros me fizeram amadurecer.

BEIJO BOM

Estou em busca do beijo bom.
Ultimamente o beijo tem sido sem graça.
Bem diferente das duas mulheres que me apaixonei.
Ou da novinha que só encontrei uma vez.
Sem paixão, mas que beijo bom.
Depois, só beijo sem graça.

terça-feira, 13 de setembro de 2022

NEM ATRÁS, NEM NA FRENTE

Quando tiver alguém que ama.
Não ande na frente.
Também não ande atrás.
Caminhe lado a lado.
Se dêem as mãos.
Curta cada passo dado.
Carregue ela nas costas.
Como duas crianças.
Se for na areia, sujem os pés.
Se for na terra, sujem também.
Um pouco de cumplicidade.
Não faz mal pra ninguém.


segunda-feira, 12 de setembro de 2022

QUANDO ACORDEI

Nós estávamos num bar, mas não sós.
Entre conversas, música e risos.
Eu admirava seu jeito, seu sorriso.
Eu falava no teu ouvido.
Sem sequer te tocar.
Aí eu tive que ir embora.
Olhei nos teus olhos e falei.
Adorei.
No dia seguinte, acordei.
Você não estava como antes.
Nem estava mais.

terça-feira, 6 de setembro de 2022

SEGUE O BAILE

Que pena.
Paciência.
Segue o baile.
O que não se pode é parar.
A vida pode ser curta.
Acaba num piscar de olhos.
No fechar dos olhos.
Então, aproveite.
Se desperte, se enfeite.
Se invente.
Sorria, trabalhe e divirta-se.
Tire um dia de preguiça.
Tenha momentos pra refletir.
O chuveiro é um bom lugar.
O travesseiro também.
Não deu, que pena.
Segue o baile.
Paciência.

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

A MAIS BELA FLOR, A MAIS BELA PESSOA

No meu jardim, há diversos tipos de flores.
Arbustos, folhagens e rasteiras.
A mais bela folhagem foi como a maioria das pessoas que conheci.
Quando floriu, mostrou uma bela flor, mas que murcha após algumas horas.
Há também uma que se chama Gazânia.
Em moita, é rasteira e discreta.
Mas quando floresce, me contempla com a mais bela flor.
Também por pouco tempo, mas diferente das outras que citei.
Mesmo quando se vão, ficam na memória.
Quisera que a Gazânia durasse mais tempo para poder contemplá-la.
Quisera poder contemplar alguém como ela. 
Que também, discretamente se mostrou a flor mais bela.

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

RELACIONAMENTO

Relacionamento é como uma locação.
Onde somos proprietário e inquilino ao mesmo tempo.
Como proprietário, somos os donos de nossas vidas.
Não passamos a posse de nós, pra ninguém.
Como inquilino, temos apenas o direito de habitar na vida de alguém.
O inquilino quando habita, não se torna dono.
Ele tem permissão de entrar e ficar por algum tempo.
Sem contrato nenhum.
Pode sair a qualquer momento.
Pode ser despejado a qualquer instante.
E deve deixar tudo como recebeu.
Pra que possa ser habitada por outra pessoa.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

METAMORFOSE

A mais bela flor, murcha se não for regada.
A fogueira mais incandescente, vira cinza se não alimentada.
Então, tudo muda, tudo se transforma.
A lagarta que era feia, ganha asas e se transforma numa linda borboleta.
O sol, que se pôs aqui, agora vai nascer em acolá e fica a penumbra.
Mas assim se pode ver estrelas.
Então, tudo é fase.
O que pode ser perda, é livramento.
O que parece ser paixão ou amor.
Nem é sentimento.
E em dado momento, a gente acorda.

terça-feira, 2 de agosto de 2022

ME LEIA E ME CONHEÇA

Se quiser me conhecer, me leia.
Eu escrevo pra ninguém ler
Escrevo pensamentos meus.
Eu escrevo por prazer.

Não me mascaro pros outros.
O que escrevo é de verdade.
Se me ler, se me interpretar.
Vai perceber minha sinceridade.

Eu escrevo sobre pessoas.
Escrevo sobre meus sentimentos.
Nem sempre são poemas e rimas.
Alguns são só pensamentos.

São todos pensamentos meus.
Até mesmo os que pode não gostar.
Mas são sobre a forma que vejo a vida.
E nenhuma opinião vai me mudar.

Escrevo e sei que ninguém me lê.
Hoje em dia se tem preguiça de ler.
Só que conheço o valor da minha escrita.
Então eu continuo a escrever.

Às vezes me falta inspiração.
E fico muito tempo sem escrever nada.
Às vezes ela vem subitamente.
E os textos vêm em enxurrada.

Escrevi este pequeno texto.
Pra que, quem saiba, queiram me ler.
Pra saber um pouco de mim.
Pra me enxergar, pra me conhecer.

As pessoas nos vêem, mas raramente nos enxergam.

EU SEI

Sempre ouvi falar da lei do retorno.
E sempre acreditei.
O bem que você faz, recebe de volta.
Gravei no coração, quando li uma frase de redes sociais.
"Quando somos bons para os outros, somos ainda melhores pra nós".
E pode apostar que sim.
A felicidade de ajudar é duradoura.
Quem estende a mão sabe.
Eu sei.



domingo, 31 de julho de 2022

PORTAS DESTRANCADAS

Dias atrás, alguém bateu em minha porta.
Como não estava trancada, deixei entrar.
Com um simples obrigado, foi se embora.
Caminhando porta afora.
Alguns dias depois, eu bati numa porta.
Já sabia quem ali morava.
A porta também não estava trancada.
E pedindo permissão pra entrar, entrei.
Sentei e admirei.
Tanto a casa quanto quem me deixou entrar.
Começamos a conversar.
E parece que essa conversa vai longe.
Vamos ver até onde vai chegar.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

SUOR E TALENTO

Lá na época dos meus avós, pra enriquecer, tinha que ser um desbravador.
Pois enriqueceu quem teve coragem e trabalhou muito duro.
Já na época dos meus pais, pra enriquecer, nem precisava de tanta coragem.
Já tinha algum caminho andado, mas o trabalho duro, ainda era necessário.
O talento ainda não dava conforto e o enriquecimento era a custa do suor mesmo.
Depois, já na minha época, pra enriquecer, continuava precisando do trabalho.
Alguns iniciando carreira e já começava a se ganhar dinheiro com algum talento.
Artistas já conseguiram ganhar dinheiro, com talento e muito trabalho.
Quando meu primeiro filho nasceu, em meados dos anos 80/90.
Ainda se trabalhava muito, com pouco luxo e com luxo pra poucos.
Os ricos eram os empresários, banqueiros e alguns com talento para as artes.
Quando meu segundo filho nasceu, já em meados de 2.000, viria outra realidade.
Se enriquecia com trabalho, carreira e talento, mas despontava outra realidade.
Despontava o que mais adiante virou uma nova forma de enriquecimento absurdo.
A tecnologia já começava a criar seus milionários, mas com muito trabalho e inteligência.
Já quando meu neto nasceu, em 2015, alguns milionários já eram bilionários.
Quem tinha trabalhado arduamente por uma vida, já vira tudo ruir com seus filhos.
Muitos impérios industriais desmoronados.
Muitas empresas se tornaram obsoletas.
E já surgiu um novo modo de enriquecimento, e absurdo, a internet.
Embora já fosse antiga, começava a gerar riqueza.
Primeiramente, com bom  conteúdo e informação. 
Depois, com o passar dos anos, avacalhou.
Bastava dizer um monte de merda que já se criava um canal.
Surgiu uma geração de antas e alienados.
A chacota alheia passou a ser explorada, curtida e compartilhada.
Enriquecendo quem, em matéria de talento, não tinha nada.
Bastava postar um vídeo e gente alienada.
Nada a ensinar, mas besteirol a mostrar aos montes.
Claro que surgiram gente talentosa e competente.
Foi uma janela para revelar tais talentos que nunca tiveram chance.
Mas também a abertura pra se acessar tanta porcaria.
Gente sem estudo, sem talento, virando celebres da noite pro dia.
As músicas da baixaria.
Cantores que sequer sabem o que é nota, mas ganham uma preta.
Juventude rebolativa e alucinada.
Seguidores de quem quase nunca, acrescenta nada.
Esses novos ricos da tecnologia.
Influenciadores como intitulam. 
Lhes tire a internet e serão o quê?
Muitos até largam o estudo pra ganhar dinheiro. 
Mas diferente do passado que também se largava pra sustento.
A vida ensinava, mas hoje ensina o quê?
Se eles nem estão querendo aprender.

quinta-feira, 28 de julho de 2022

OSTENTAÇÃO

Tem gente que se aproxima de quem ostenta.
Eu vou em sentido contrário.
Não curto ostentação.
Menos ainda, quando é sem noção.
Mas atrai gente como a merda atrai moscas.
Whisky caro na beleza da balada.
Por ele, a mulherada até dança pelada.
Aquele carro de encher os olhos, que eu até gosto de ver.
Mas até se eu estiver com dinheiro vazando pelo ladrão.
Não me dá nenhum tesão de ter.
Atrai moscas, assim como a merda.
Atrai pessoas que nem conhecidas são.
Sem sabermos se é porque gostam de nós, ou se é por outra razão.

quarta-feira, 27 de julho de 2022

QUANDO DESCOBRI QUE PODIA VOAR

Hoje estive onde tive meu primeiro emprego.
Com 14 anos, era uma criança ainda.
Esperta, mas pensa num filhote fora do ninho.
Era eu, não conhecia nada além das ruas que brincava.
Fui trabalhar como office-boy na Paulista.
Já na entrevista, peguei ônibus errado.
Peguei certo na ida, mas pra voltar, peguei o da ida de novo.
E fui em sentido contrário até chegar no final.
Office-boy, imagina. O dia inteiro na rua.
Pastei pra conhecer sampa.
Os itinerários dos ônibus no guia.
Os trombadinhas que enfrentei.
A mala gigante que carreguei.
E minha mãe sequer sabia.
Não contava nada em casa.
Em 4 anos eu recusei promoção.
Serviço interno o cacete, queria a rua.
Muita grana de condução.
Dinheiro na mão.
Gastava com comida, fliperama e um pouco com a condução.
Fazia tudo a pé, sob sol e chuva.
Hoje fui até a recepção do Eluma.
Fiquei por uns minutos e me vi saindo pela porta.
Calça azul marinho e camisa azul mais clara.
E uma baita mala, cheia de papelada.
Período da manhã e período da tarde.
Como me fez bem aqueles 4 anos.
O que enfrentei e o que aprendi.
Os bairros distantes que conheci.
E como eu cresci.
Eu pulei do penhasco e bati minhas asas.
E descobri que eu podia voar.