Nas duas vezes, quando tentei voltar, já tinha passado
o tempo e a curva.
Tive que seguir, olhando pelo retrovisor.
Via tudo ficando longe, cada vez mais longe.
Até chegar o ponto de não ter mais o que ver.
Ao menos no retrovisor, pois à frente, eu tinha um novo
caminho.
Com paradas, pessoas, estradas, mares e o destino.
Em paradas cheguei.
Com pessoas me encontrei.
E pelas estradas eu sigo até hoje.
Por mares não me aventurei, pois quando os vi revolto,
não me arrisquei.
Sempre preferi as calmarias e barcos seguros.
Tão seguros que neles eu navegava as cegas, no escuro.
E o destino? Ah! Deixo como está.
Sigo estradas, sozinho, mas melhor do que com uma carona
incomoda.
Voltar, já voltei, e tudo estava mudado.
Novos ocupantes de vácuos deixados.
Novas fachadas de hospedarias que eu antes ocupava.
Onde eu descansava meu corpo, minha alma e minha mente.
Onde eu me sentia contente.
E então fui embora de vez.
E deixei que meu recanto prosperasse.
Sem saudade permitida, mas com lembranças contidas.
E assim eu sigo a vida.
Parando hora cá, outra hora lá.
E numa dessas idas e vindas.
A estrada que me levar, vai dar no lugar que eu quero
chegar.