NÃO PERTURBE

Deixei a porta aberta, mas ninguém entrou.

Quando fechei, ouvi alguém virando a maçaneta.

Agora tem gente, estou ocupado.

Por enquanto, não pode entrar.

SOMOS APENAS ANTIGOS

Somos antigos sim, não temos como negar.

Afinal de contas, está nos números.

Embora tenha quem esconda ou minta.

Mas velhos não, pois a velhice, mais que apresentada no corpo, está na mentalidade.

Antigos de almas jovens e jovens de alma velha.

Nós, os antigos, já passamos por muita coisa.

E muitos, ainda vivem como antigamente.

Suas aventuras, seus amores, seus dissabores.

Tudo de peito aberto e no mundo real.

Enquanto os jovens, só no mundo virtual.

Suas aventuras nos jogos de vídeo games.

Suas vidas vazias de aventuras.

Suas vidas frágeis para situações.

Somos antigos sim, assim como um opala ou Maverick.

Símbolos da masculinidade antiga.

Hoje, embora antigos, os bem conservados, valem mais que os meninos.

Os HBs, Tiggos, e outros jovens de agora.

Assim como nós, os antigos, pessoas.

Lhes tirem a tecnologia e eles param, no lugar e no tempo.

Nós não, a gente continua, mesmo que aos trancos e barrancos. 

A gente sobreviveu a interperies.

A doenças, acidentes, etc.

Eu sou antigo sim, mas velho não.

Quando não puder mais andar com minhas pernas.

Não vai me ver no chão.

Não quero isso não.

Vou preferir brincar em outra dimensão. 

SEM SUJEITO O PREDICADO

Do tempo que namorei, não tenho saudade do sujeito.

Mas do predicado, eu tenho.

Tenho saudade do sentimento.

Também tenho, do envolvimento.

Da alternativa de ir e vir.

Ora eu podia dormir lá, ora ela vinha dormir aqui.

Agora, ninguém dorme na casa de ninguém.

Não dá, não se pode.

Marmanjas com horário pra voltar.

Mães com satisfação pra dar.

Ou pode ser também, falta de querer ficar.

Pensamento forte pra que se vá.

E sendo assim, não dá.

Nem certo, nem progresso.

E por isso eu espero.