Às vezes, me chamam de tio.
Mas na verdade, eu já sou vovô.
Já passei de um cinqüentenário.
E não tenho nenhum problema com isso.
Minha mente ainda é jovem.
Meus pensamentos maduros.
Meu corpo ainda aguenta uma pelada.
A de bola, até já brinquei algumas.
Com meu filho e seus amigos.
Meus “sobrinhos” adotivos.
Lembro nessas horas, da minha infância.
E lembro mais ainda que tive uma.
Ao contrário de alguns senhores e senhoras.
Que apesar de terem a mesma idade que eu.
Furam bolas que caem nos seus quintais.
Resmungam quando veem crianças brincando na rua.
Esses sim, são velhos, não eu.
Envelheceram suas mentes e seus corações.
Ou da suas infâncias eles não têm recordações.
Eu, quando me olho no espelho.
Vejo um cinquentão bem cuidado.
E sinto orgulho de ser.
Pois sendo, tenho lembranças.
De todos os anos que eu fui criança.
As brincadeiras eram nas ruas e eram reais.
Como hoje as crianças nem sequer imaginam que foram.
Muitas nem sabem o que é gude.
E pião, só sabem jogar o lançado por botão.
Mas os joysticks, esses parecem extensão de seus corpos.
Até pequeninos, são feras.
Parte da culpa é nossa, dos pais.
Que por comodidade presenteamos com tecnologia.
E não tiramos a bunda do sofá pra lhes apresentar uma
infância.
Mesmo sabendo que não a conhecerão mais sozinhos.
Como nós, os quarentões e cinquentões, a desvendamos.
Que pena! Mas talvez pra eles, a minha lhes seja um saco.
Eu, no meu ponto de vista.
Agradeço por ter nascido nos anos 60.
Que sorte!