quarta-feira, 27 de julho de 2022

QUANDO DESCOBRI QUE PODIA VOAR

Hoje estive onde tive meu primeiro emprego.
Com 14 anos, era uma criança ainda.
Esperta, mas pensa num filhote fora do ninho.
Era eu, não conhecia nada além das ruas que brincava.
Fui trabalhar como office-boy na Paulista.
Já na entrevista, peguei ônibus errado.
Peguei certo na ida, mas pra voltar, peguei o da ida de novo.
E fui em sentido contrário até chegar no final.
Office-boy, imagina. O dia inteiro na rua.
Pastei pra conhecer sampa.
Os itinerários dos ônibus no guia.
Os trombadinhas que enfrentei.
A mala gigante que carreguei.
E minha mãe sequer sabia.
Não contava nada em casa.
Em 4 anos eu recusei promoção.
Serviço interno o cacete, queria a rua.
Muita grana de condução.
Dinheiro na mão.
Gastava com comida, fliperama e um pouco com a condução.
Fazia tudo a pé, sob sol e chuva.
Hoje fui até a recepção do Eluma.
Fiquei por uns minutos e me vi saindo pela porta.
Calça azul marinho e camisa azul mais clara.
E uma baita mala, cheia de papelada.
Período da manhã e período da tarde.
Como me fez bem aqueles 4 anos.
O que enfrentei e o que aprendi.
Os bairros distantes que conheci.
E como eu cresci.
Eu pulei do penhasco e bati minhas asas.
E descobri que eu podia voar.

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