Com 14 anos, era uma criança ainda.
Esperta, mas pensa num filhote fora do ninho.
Era eu, não conhecia nada além das ruas que brincava.
Fui trabalhar como office-boy na Paulista.
Já na entrevista, peguei ônibus errado.
Peguei certo na ida, mas pra voltar, peguei o da ida de novo.
E fui em sentido contrário até chegar no final.
Office-boy, imagina. O dia inteiro na rua.
Pastei pra conhecer sampa.
Os itinerários dos ônibus no guia.
Os trombadinhas que enfrentei.
A mala gigante que carreguei.
E minha mãe sequer sabia.
Não contava nada em casa.
Em 4 anos eu recusei promoção.
Serviço interno o cacete, queria a rua.
Muita grana de condução.
Dinheiro na mão.
Gastava com comida, fliperama e um pouco com a condução.
Fazia tudo a pé, sob sol e chuva.
Hoje fui até a recepção do Eluma.
Fiquei por uns minutos e me vi saindo pela porta.
Calça azul marinho e camisa azul mais clara.
E uma baita mala, cheia de papelada.
Período da manhã e período da tarde.
Como me fez bem aqueles 4 anos.
O que enfrentei e o que aprendi.
Os bairros distantes que conheci.
E como eu cresci.
Eu pulei do penhasco e bati minhas asas.
E descobri que eu podia voar.
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