O Tatuapé que me viu crescer.
Hoje já não existe mais.
Que pena.
Foi-se o charme, a nostalgia, a familiaridade.
Foi um dos mais belos bairros da cidade.
Assim como a Moóca, que ainda resiste.
O Tatuapé, não mais existe.
As casinhas térreas, as vilas, o charme.
Se foram ao chão e viraram poeira.
Culpa da gente herdeira.
Sem apego, apenas ao dinheiro.
Que apareceu de montão.
Devastou a tradição.
Colocou tudo no chão.
A vila João Migliani.
De sua quase centena de sobradinhos.
De bons vizinhos.
Resistiu o quanto pode.
Mas de tanto envergar, quebrou.
Lugar onde muito eu brinquei.
Onde amigos eu cultivei.
Amigos de brincar na rua.
Que vingam até agora.
Desde aqueles tempos de outrora.
Fomos donos do nosso pedaço.
Assim como outros foram donos do deles.
Algumas ruas eram divisas.
Mas tudo na santa paz.
Catalogávamos cada terreno baldio.
Cada árvore frutífera que tinham neles.
Pra depois comer fruta do pé.
Nós desbravamos o Tatuapé.
As ruas Airi, Itapura, Apucarana, Vilela.
Tijuco Preto, Estevan Pernet, Platina.
Eram o nosso quintal.
A praça Barão de Itaqui, que ainda resiste alí.
Era o nosso campo de pelada.
Onde também ficava nossa escolinha.
Hoje totalmente modificada.
Daquele tempo, não sobrou quase nada.
Só alguns amigos.
Hoje de meia idade, assim como eu.
Mas o Tatuapé, onde a gente cresceu.
Desapareceu.
Morreu antes de nós, nostálgicos moradores.
Saudade das casinhas.
Que nem eram minhas.
Mas que nos viu crescer.
E que vimos desaparecer.
Que pena.
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