Quando minha mãe se for...
Pareço duro falando dessa forma, mas todos temos a nossa hora.
Eu apenas sou realista.
Então quando ela se for, se for antes de mim.
Talvez eu não chore pra alguém ver.
Só sei que estarei em paz por dentro.
Triste e em paz.
Eu não carregarei remorsos.
Eu carregarei certezas.
De que eu a deixei orgulhosa de quem sou.
De que ela viveu como queria.
Com algumas tristezas, mas muito mais, com alegria.
Até que chegue o dia.
Não de sua partida, do reencontro, dela com o meu pai.
Várias décadas depois dele.
Ela irá se encontrar com ele.
Então quando minha mãe se for...
Talvez eu não chore pra alguém ver.
Imaginarei como esse encontro vai ser.
E estarei em paz.
Mas, e se eu me for antes dela?
Contraria a probabilidade, mas é possível.
Na vida, tudo é imprevisível.
Só temos a certeza da morte.
Mas nunca, da sua ordem.
O natural é os filhos enterrarem os pais.
Já que eles viveram mais.
Entretanto, às vezes a ordem se altera.
E quando menos se espera, um filho, um pai enterra.
Então se eu for antes da minha mãe.
Também estarei em paz.
Estou consciente de viver o tempo que terei pra isso.
De novo, pareço duro falando disso.
Mas eu sou apenas realista.
Todos temos um tempo que nos é dado.
Pra viver do jeito que escolher.
Nós podemos escolher como viver.
Porém, decidir quando morrer.
Essa decisão não é nossa.
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