quarta-feira, 8 de julho de 2020

NUNCA É UMA DESPEDIDA

Eu chorei por minha mãe duas vezes.
Chorei bastante, de soluçar.
Quando eu olhava pras fotos que tiramos.
E via o nosso riso estampado nelas.
Eu chorei, chorei de soluçar.
Porque minha mãe estava doente.
Muito debilitada.
Da imagem que eu tinha dela.
Já não lembrava mais nada.
Ela sempre foi franzina.
Só que também, sempre foi uma fortaleza.
E eu chorei, chorei de soluçar.
Minha mãe ia se embora.
Eu tinha plena certeza. Eu sentia.
E ela se foi. Tinha chegado sua hora.
Sem se despedir foi se embora.
E agora?
Agora nos fica a lembrança, a saudade.
Do colo pra deitar.
Da casa dela pra visitar.
Do riso cerrado.
De tudo.
Até de vê-la com cigarro, que eu tanto odiava.
Mas Deus quis assim. 
Talvez foi melhor assim.
Não a tenho mais perto de mim.
Mas a tenho dentro, do coração e da mente.
E pra sempre.
Lembrarei dela com alegria.
Jamais com tristeza.
Tristeza eu teria se a visse daquele jeito.
Debilitada e dependente.
Triste por dentro.
E agora não está.
Está curada até do vício que tinha.
Ela está com meu pai e com Deus.
E a perda nunca é um adeus.
É apenas, um até qualquer dia.

Nenhum comentário: