Advérbio de tempo, depois, pode ser tarde, pode ser
nunca.
É o agora não, e a possibilidade de querer o que não se
pode ter mais.
Como cheirar a flor já murcha, invés dela bela e
perfumada.
Entre o passeio dos ponteiros do relógio pode ser
qualquer hora.
Mas hora que não se pode fazer mais nada a respeito.
No relacionamento estremecido, pode ser a palavra certa.
Tardia, quando não há mais com quem conversar.
Pode ser a distância entre a chance da vida.
Quando do outro lado estiver a oportunidade perdida.
No “D” você a tem, mas ao soletrar, no “S”, pode não ter mais.
As coisas acontecem depressa e o depois pode ser muito
tempo.
Talvez o nunca mais conseguir se despedir de quem morre.
Depois eu faço, mas fazer o que, se já foi feito.
Depois eu amo, mas amar quem, se ela cansou de te
esperar.
Depois eu me desculpo, mas não precisa, porque a benevolência
se foi.
Perdeu-se o tempo da ação e reação.
A reação acontece antes da ação e no depois não sobra
nada.
Ou fica o café frio no copo, que não foi bebido enquanto
quente.
Porque beber o café ficou pra depois.
O assado da ceia que queima, porque tirá-lo do forno
ficou pra depois.
E na ceia com a família não se come da carne.
O pôr do sol que não se viu naquela tarde, porque ficou
pra depois.
E nos dias seguintes só houve dias nublados.
Tantos deixar pra depois quando eram os momentos certos.
Tantas coisas lindas que poderiam ter sido vividas.
E não foram, mas depois... O coração parou.
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