Um homem em frente do monitor.
Sentado alí durante várias horas.
Seus dedos cansados pela digitação.
Longas conversas com pessoas anônimas.
Eram esperadas por noites seguidas.
Toda noite o homem ligava o notebook, digitava e não conhecia.
Acordava toda a manhã pensando na conversa anterior.
Trabalhava durante o dia e ao cair da noite a conversa se repetia.
Uma noite o homem parou, olhou para a pessoa na foto e tentou tocá-la.
Se aproximou, e ao tentar sentir seu cheiro não sentiu nada.
Afastou-se, apreciou a foto e seus escritos, e dormiu.
No dia seguinte o homem acordou com o notebook ao seu colo.
Sentiu-se frustrado e em determinado momento o homem sumiu.
Sumiu nas teclas que ele teclava todos os dias.
Sumiu quando passou a acreditar que o virtual se tornaria real.
Solitário, digitando diversas palavras.
Ele foi deixando um pouco de si a cada conversa, a cada dia.
E só se deu conta ao ver seus escritos digitados na tela.
Linhas escritas para pessoas que não conseguia tocar.
Rabiscos que a expressão facial não conseguia passar.
Em frente a um monitor aquele homem vivia.
Digitando solitário, sem alguém para amar ou por quem ser amado.
Mas percebera que ficaria só, se esperasse algo do virtual.
Pois nele algumas pessoas se escondem.
E percebeu que alí não encontraria ninguém.
Apenas fotos e palavras escritas por sabe lá quem.